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Adoraria ilustrar esse texto com meu pé alcançando o topo da cabeça enquanto minhas pernas se dobram num ângulo perfeito. A verdade é que quando curvo o corpo para frente, minhas mãos alcançam pouco abaixo dos joelhos. Eu sei que é treino, um passo de cada vez e tá tudo bem.

Numa aula de yoga com a querida @hlimahellen, eu tentava seguir as instruções e esboçar um sorriso (já que uma cara fechada não contribui no alongamento dos meus isquiotibiais), quando ela disse: “lembrem-se que o corpo flexível resulta de uma mente flexível”. Foi um click. Eu não era só inflexível no corpo, mas também na mente.

Ainda sou aquela que, como disse posts atrás, às vezes começa os projetos sem ter a mínima ideia do que tá fazendo. Só que, como não sou só a face de uma moeda, também me reconheci, naquela aula, como a mulher que quer controlar o resultado de seus intentos. Do exercício de yoga às reações das pessoas, passando pela velocidade de aprendizados alheios.

Sim, também sou controladora. É difícil falar assim, em voz alta. Sabe qual era meu maior desespero na vida profissional? Organizar eventos. Nem tinha vergonha de falar isso em entrevistas de emprego. Um evento é a consolidação de tudo que pode dar errado ao mesmo tempo. Um avião pode simplesmente não levantar voo, um palestrante ter dor de barriga, o projetor pifar, uma cidade inteira ter um apagão. Isso já aconteceu comigo e eu tive que SORRIR enquanto derretia por dentro.

Observando como eu lidava com os eventos apavorantes, tirei outra conclusão: é mais difícil ser flexível naquilo que tenho mais medo. É aí que o calo aperta. Nas profundezas dos meus mares de temores, sou mais exigente com o resultado final. Não consigo me cobrar menos. Nem deixar minhas altíssimas expectativas de lado, ou reconhecer que o feito é melhor que o perfeito. Precisa ser perfeito SIM.

E foi aí, minha gente, que uma aula de yoga avançou algumas sessões de terapia. Entendi que enfrentar meus medos ajuda na flexibilidade mental, o que pode, quem sabe, resultar num corpo que se expande sem gemidos.

Não sei se um dia conseguirei encostar o pé na cabeça, mas eu treino em encarar mais facilmente meus receios. Um passo de cada vez.

TATIANA LAZZAROTTO

Jornalista | Escritora | Feminista | Louca por plantas. Em busca do meu propósito :)

 

November 06, 2020 — Caroline Alves

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